Páginas

Poesia de Shakespeare "Você aprende"

Arte dos povos do vale do rio Omo - África

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Fim da greve não da luta

Qual a pior vergonha???

(...) Queira, queira!
Basta ser sincero e desejar profundo,
Você será capaz de sacudir o mundo,
Vai! Tente outra vez!(...)” Raul Seixas, Tente outra vez.

Eu quero um mundo diferente e ponto. Não é possível que se queira as mesmas coisas todos os dias.Não creio nisso. A História mostra que ela não é dada como pronta e acabada. E não, não é confortável estar aqui. Mas é muito mais incômodo a mim permanecer como se nada acontecesse, como se nada interferisse na minha micro-história.
Sou soldado raso, no começo do combate, procurando diligencia. Mas creio que devo honrar quem me antecedeu na luta, e servir de exemplo a quem me suceder. Logo não é fácil continuar, é difícil manter o querer, é difícil continuar tentando...
Mas depois de dezenove dias de greve, quero dizer aos companheiros de luta, de interlocução, de ensinamentos, que o soldado raso aqui, a cada dia, a cada abraço, a cada passeata, a cada grito, a cada indignação compartilhada, a cada ‘apitaço’, a cada mobilização, ganhou nova disposição a continuar tentando...
Realmente não tivemos comando, fomos deixados à deriva pela direção sindical num momento histórico de luta. Foi isso o que se viu claramente nos dias de ontem e hoje no Paço Municipal. Uns subirão em caixotes, outros nem ousarão tanto, apenas baterão em seus peitos e dirão: “ viu, é isso que dá fazer greve, este sindicato que ai está posto não representa ninguém, muito menos defenderá num momento de aperto, por isso não faço greve”, poderão dizer também que lutamos por nada, que o pequeno avanço muito nos custou, que o melhor era nem ter saído de greve... Aproveitarão do ocorrido e continuarão em seus castelos de alienação e abstenção. Mas, digo-lhes, perdem mais os que se defendem a todo custo a estar no movimento, pois é na rua que se dão os melhores congressos, os melhores encontros, é lá que aprendemos a usar estratégias, a antever o futuro político, a tomar posição. É lá que Paulo Freire vive, é lá que podemos ter a melhor aula, é lá que aprendemos a exercitar a fraternidade e a paciência com quem se nega a ser fraterno, com quem parece ter vergonha de pertencer a uma categoria.
Enfim, eu soldado raso pergunto, qual a pior vergonha para se carregar, a nossa ou a alheia?
Queira...deseje..tente sempre mais!

Saudações,Giselle.